A conspiração de Hades

FONTE: Imagem utilizada na capa do Evento do larp no Facebook.

No dia 21/01, tive a oportunidade de participar do larp "A Conspiração de Hades", proposto pela Confraria das Ideias (site, blog & Facebook). Fui, ao mesmo tempo, iniciado em duas atividades que nunca havia me envolvido: a de "NPC" e a participação num larp infantil.

O larp faz parte da programação de verão do SESC Pompeia, que tem por tema a mitologia grega. Destinado a crianças de até 12 anos, envolveu uma caça ao tesouro, com as crianças buscando pistas pela unidade do SESC com o intuito de conseguirem ajuda de diversas entidades mitológicas para derrotar Hades, que havia aberto a Caixa de Pandora e incriminado a humanidade.

A partir dessa proposta, a função dos adultos escalados pela Confraria era a de serem as entidades mitológicas em questão (HadesHermes, Pitonisa, Sereia, Ariadne, Medusa, Ícaro e Caronte). Enquanto as crianças não recebiam personagens (embora recebessem um papel, já que a missão de buscar por pistas e auxílio para salvar o mundo de uma divindade grega não está em suas personalidades cotidianas), os adultos envolvidos recebem as personagens das divindades em linhas gerais (a função na trama) e preenchem os vazios conforme decidirem. Isso faz pensar até que ponto cada um dos adultos foi realmente um "NPC" (non-player character, personagem sem-jogador, termo frequentemente utilizado para designar os coadjuvantes numa trama, comum em partidas de RPG de mesa ou eletrônico), uma vez que a agência dos jogadores não foi comprometida. Talvez a grande cisão aqui seja entre "personagens caixa de areia" e "personagens trilhados". Utilizando o jargão mais próximo do larp, a experiência pareceu trazer o uso do fate para os personagens dados aos adultos. 

Além das oito pessoas que participaram como entidades mitológicas (duas delas acumulando com isso funções como cenografia e figurino), o larp contou ainda com duas pessoas da organização, responsáveis respectivamente por maquiagem&fotografia e como anfitrião do evento, recepcionando as crianças e passando o briefing do larp. Importante notar que, embora tenha havido a recepção por parte de um anfitrião não-diegético, toda a condução das crianças dentro do larp foi levada para dentro da diegese, levada em conta no design do larp: Hermes, desconfiado de Hades, pedia auxílio para as crianças do SESC acompanharem ele em sua jornada.

Como saldo, é de extrema relevância a execução de eventos como este, destinados ao público infantil. Se por um lado existe uma formação de público ao larp, por outro existe o protagonismo inerente ao larp já sendo problematizado. Uma experiência que, certamente, pode frutificar ainda mais.

Em tempo: o larp teve uma segunda edição em 4 de fevereiro de 2018, da qual também fiz parte. Embora, como é usual nos larps, a participação tenha feito com que diferentes resultados narrativos tenham surgido, conceitualmente a segunda edição foi muito próxima da primeira.

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